quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Mídias


Meu filho adora desenhar. Pode ficar mais de uma hora, direto, sentado na mesa, brincando com seus lápis de cor – desde que alguém fico com ele, trocando ideias, rabiscos, carinhos... é uma delicia! Eu disse lápis de cor, mas isso pode variar muito. O menino é multimídias  hehehe... giz de cera, colas coloridas, massinha (ja desenhou e colou uns pedaços de massinha nas mãos e pés dos personagens – ficou demais, deu um volume inesperado!!!), tintas guache, e por aí vai. Agora ele descobriu uma nova maneira de se expressar, uma coisa que não existia na época que eu tinha meus 4 aninhos: Photoshop!

Nem preciso falar nada, né... é só ele me ver sentando na mesa e ligando o computador que ele ja vem se achegando, sentando no meu colo e tirando a canetinha da mesa digitalizadora da minha mão. A i começa aquela briga, porque eu preciso trabalhar, e ele também. Na concepção dele, ficar navegando na internet e desenhando não é trabalhar, mas na minha... bom, deixa pra lá!!!

Antigamente se não dava pra pegar na mão, numa folha de papel, cartolina, lixa, sei lá... e sair correndo pra mostrar pra mamãe, não existia. Hoje, a coisa mudou! Agora ele termina o desenho no computador e me dá aquela bronca: -Salva, heim, pai! Não vai perder o meu trabalho!!! – Ai, moleque!!!
A mamãe está trabalhando, com a cabeça quente já às 3 da tarde quando recebe um e-mail do nenê com um desenho feito no maior capricho... Pronto, salvou o dia da mamãe... Agora deixa o papai trabalhar, vai, filho. Senta lá, vai ver desenho. Isso!

Hoje existem os computadores, notebooks, celulares, tablets... E tudo isso é muito legal. É tão fácil pra eles aprenderem a manusear os aparelhos. Meu filho joga melhor o Angry Birds e o Fruit Ninja do que eu! Impressiona a capacidade deles em aprender coisas novas. Tanto que uma simples história em quadrinhos impressa em um gibi acaba ficando chato, desinteressante... Eles não precisam mais ter a revista impressa pra mostrar prós amiguinhos. Eles mandam um link prós colegas abrirem em seus tablets, notebooks, até celulares...

Aí é que tá pegando a coisa toda: Pra quê gastar uma fortuna com uma impressão offset ou digital que seja, em uma revista em quadrinhos que vai, infalivelmente, se estragar em uma semana no máximo nas mãos desses meninos e meninas de 4 ou 5 anos – se podemos fazer uma coisa indestrutível, usando as mídias digitais?

Tem muita gente defendendo o lado dos livros e revistas impressas, que eles nunca vão acabar, que o prazer de folhear uma revista é único, que é mais confortável, tátil, e etc... Tá, concordo... Pros adultos. Para as crianças, já acho que uma revista impressa é desperdício! E não falo só de dinheiro, não, afinal uma revista de boa qualidade custa caro e não dura quase nada – mas falo também em desperdício de potencial criativo e produtivo!!!

Em uma publicação digital é possível criar com a cabeça nos recursos disponíveis, que são ilimitados. Só pra exemplificar aqui, podemos usar animações, sons, musicas de fundo, transição de fotos, falas dubladas, legendas em outros idiomas, finais alternativos, minijoguinhos que precisam ser vencidos para avançar para o próximo capítulo, personagens customizáveis  joguinhos de perguntas, atividades como passatempos, formulários de emails com as opiniões dos leitores...

Foi pensando em tudo isso que eu voltei a fazer aquela pergunta para mim mesmo: Como contar toda essa epopeia em uma história em quadrinhos? E pior, como deixar de uma forma que as crianças entendam e gostem?

Falei com o Breno da possibilidade de fazermos uma animação do primeiro capítulo de kayder. O planeta vem aparecendo lá no fundo da imagem, que seria uma visão do espaço, cheio de estrelas... Vai dando um zoom no planeta, bem devagarzinho. De fundo, uma musica bacana... meio lenta, meio rapidinha. Ouvimos uma voz fazendo a locução: ”Era uma vez um planeta distante, habitado por pessoas muito inteligentes. Eles já haviam atingido um grau evolutivo supremo, tecnologicamente falando. Tudo era lindo por lá, metálico, brilhante, luminoso... ”

De repente a música começa a ficar mais rápida. O zoom no planeta também acelera... Começa uma cena de guerra entre os habitantes de lá! Imaginem só, que bacana: Os mesmos desenhos que teríamos que fazer, estáticos, paradões  chapados – estariam em movimento, em camadas diferentes de profundidade, vivos!!! Seria possível ver um exército vindo em direção ao outro realmente, apenas com alguns cliques editando-se a timeline de um Flash, por exemplo... Pouco trabalho à mais, mas a magia da cena seria ampliada umas 500 vezes na cabecinha dos nossos meninos! E ainda dá pra manter os balões de falas, desenhar as onomatopeias e tudo o mais que é característico à uma HQ!

Tá na cara que ele topou na hora! Pró papai foi um desafio à mais! Mas tudo bem, adoro desafios, e também adoro ver o brilho no olho dele quando acerto nessas coisas e percebo isso, naquela expressão facial linda que ele tem! Agora o problema é descolar um tempo pra fazer isso tudo, hehehe!

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