Meu filho e eu já tinhamos um personagem
legal pra fazermos a nossa história - o Kyder - e tinhamos o mais importante de
tudo, também: a vontade de fazer uma histórinha! Então eu perguntei pra ele
como começariamos a contar essa história...
- Vamos começar... (pausa de uns sete
segundos)... do começo, papai!
Parece meio óbvio, afinal toda história
precisa ter um começo, um meio e um fim... mas eu entendí o que aquele
mulequinho barrigudinho, de cabelo liso com os dedos sujos de tinta estava
querendo dizer... Ele queria começar com a origem de Kyder! Eu sempre gostei de
pegar uma revista nas mãos, e babar em uma capa muito bem feita, depois abrir e
dar de capa com uma belíssima splash page com ação, talvez uma explosão, uma
daquelas cenas que te ganha, logo de cara... depois o autor se vira pra contar
o que aconteceu pra chegar aquele ponto, ou em flashbacks, ou voltando no
tempo, ou em resumos, sei lá... Mas não era assim que meu menino queria começar
a história. Afinal, estou contando uma das aventuras que se passa dentro da
cabecinha de um garotinho de quatro anos de idade, que ainda está curtindo
aqueles começos de histórias com Era Uma Vez...
Então vamos lá: Era uma vez um planeta
distante, habitado por pessoas muito inteligentes. Eles já haviam atingido um
grau evolutivo supremo, tecnologicamente falando. Tudo era lindo por lá,
metálico, brilhante, luminoso... mas a mente das pessoas ainda era pequena,
haviam guerras por todos os cantos... Não sei muito bem, mas acho que essa
idéia vem de todo o lixo que é transmitido na TV. Nossas crianças estão tendo
uma imagem negativa do mundo... para elas as pessoas são más, já repararam
nisso?
O que acontece é que, devido à uma Guerra
Mundial, todas as pessoas daquele planeta matam-se umas às outras! Só uma garotinha
sobrevive - ela fora protegida pelo seu guardião, um robô criado por seus pais,
chamado Kyder! Agora a menina vive neste mundo destruído, ao lado de uma
máquina que ainda está aprendendo a emular seus sentimentos.
Infelizmente não existe mais nenhum alimento
saudável no planeta. A menina morre. O robô é deixado sozinho.
Triste, não é?
É claro que essa é só a minha
interpretação em cima de vários fragmentos de historinhas contadas pelo meu
filho, em diversos momentos de diversos dias diferentes. Eu basicamente juntei
as informações e organizei numa sequencia cronologica... depois eu li pra ele
esse trecho e ele concordou que sim, poderia ser assim mesmo - que bom, não é?
Tá, mas... como contar toda essa epopéia
em uma história em quadrinhos? E pior, como deixar de uma forma que as crianças
entendam e gostem?
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